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03 julho 2021

tiago nené / este obscuro objecto do desejo

 
 
2.
Vi a tempestade na profundidade do espelho
no lusco-fusco do tempo.
Quantos despojos de um mar abriram mais que uma luz,
a meio de uma semiclaridade só uma febre avança.
 
Regressar ai início,
seguir pela linha onde o silêncio
é saliente e simples.
 
 
 
tiago nené
este osbcuro objecto  do desejo
guerra &  paz
2017




 


18 setembro 2017

tiago nené / este obscuro objecto do desejo





8.
O que tenta ensaiar esta beleza
na sua violência prematura, nas linhas do seu submundo.
Observo-a como um guarda-nocturno
numa fábrica de relógios, procuro-a
com uma fome que me isola de mim. E os vidros e as vidas
desta fábrica tornam-se um sequestro da mesma realidade
que entre o futuro e o futuro do futuro
espreita o cruzamento de todo o tempo.

Sob a estrela cadente o céu atravessa todos os nomes,
não sei se faz vento interior ou sobram átomos
de matérias que procuram a inutilidade das coisas.
Escuto uma lua  de açúcar pela garganta das nuvens,
não estou do lado de fora da memorização da espera
e do eco soterrado de um pó evanescente.

Que membros húmidos recebem o hálito do caminho,
que vertigens sobre o torpor das janelas.
Sinto a eficácia mecânica das emoções,
cada sintonizador absorvendo os limites
de uma fissura de luz.

                                                                                   
                                                                      Barcelona



tiago nené
este obscuro objecto  do desejo
guerra &  paz
2017






12 abril 2012

tiago nené / a criança de neandertal





uma rua por baixo dos cabelos
onde coloco os pulmões ruivos dos dedos;
com o deus das unhas acedo
ao olhar submarino que deixaste à porta;
a infância tem as persianas p'ra cima,
os teus nervos estão poligâmicos,
e assim proibidos;
e desço com os dedos respirando
o ar dessa rua de colecção,
sem uma única parede embriagada,
ou um amor cubista;
estarias a cem mil anos de mim, criança
de neandertal, inconsciente ao meu
sábado; mas aqui estás tu, dormindo
na minha revista científica, sobre a qual os
pulmões dos meus dedos te escutam
a rua que me aparece nas ruínas
da minha solidão;




tiago nené
relevo móbil num coração de tempo
lua de marfim
2012